Na prática clínica nos deparamos muitas vezes com situações que nos fazem enxergar que não conseguimos conhecer nosso paciente em sua integralidade, por mais que esteja há anos sob nossos cuidados.
Conhecemos muito sobre o seu diagnóstico, muitas vezes até arriscamos pensar em possíveis prognósticos, empregamos técnicas e recorremos às mais variadas ferramentas para oferecer os estímulos adequados e promover as melhores respostas funcionais e de participação.
Mas sabemos que para entendermos cada criança e o que melhor funcionará terapeuticamente e de forma a gerar funcionalidade e participação, precisamos nos atentar a aspectos muito mais profundos que os mencionados.
Vai muito além de saber sobre seu diagnóstico e das infinitas ferramentas que temos em mãos para promover os resultados que nós e a família almejamos. Vai muito além do nosso saber técnico. Vai muito além do caráter de amor e empatia por nós desprendidos em cada processo. De nada adianta o conhecimento técnico, a habilidade de desempenho das mais modernas e diversas técnicas, o nosso vasto e interessante currículo, se não conseguirmos de forma respeitosa nos conectar com nosso paciente e sua família, a ponto de conseguirmos uma relação de confiança e respeito que será necessária para que percorramos o caminho terapêuticos juntos, com o objetivo da jornada final que é sempre o resultado positivo no desenvolvimento do paciente.
É preciso entender CADA CRIANÇA / PACIENTE, e cada um deles pertence a um núcleo familiar, cada um deles carrega consigo a sua história, suas capacidades e limitações. Para que possamos conhecer esse complexo universo precisamos antes de tudo estabelecer um vínculo. Esse vínculo nos leva a uma relação de confiança com a família e com a criança. Nos leva ao CONHECIMENTO dos limites que teremos que estabelecer com cada um deles, e com os objetivos que poderemos traçar e alcançar. Nos leva a saber e a entender o tempo e a forma que cada família funciona, e assim saber conduzir cada processo terapêutico da melhor forma para família e equipe. É necessário sensibilidade na escuta e sabedoria na fala, e essa é uma via de mão dupla, não sendo papel apenas do terapeuta ou da família. O vínculo é construído em conjunto às custas de amor, responsabilidade, respeito e assertividade.
Tal processo não acontece da noite para o dia. Para que isso aconteça é necessário esforço, doação, disponibilidade e acima de tudo sensibilidade, tanto da equipe terapêutica quanto da família, mas o resultado final será sempre um processo terapêutico efetivo, sob a ótica familiar e profissional.
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