Todo dia 15 de fevereiro comemora-se o Dia Internacional da Síndrome de Angelman e a melhor forma de comemorar é ajudando a informar e conscientizar sobre essa condição!
O Dr. Harry Angelman, em 1965, relatou essa condição genética-neurológica rara, que ocorre em 1 a cada 24 mil pessoas e pode ser causada por mecanismos genéticos diferentes.
A Síndrome de Angelman é de difícil diagnóstico em recém nascidos ou na primeira infância porque os atrasos no desenvolvimento são inespecíficos nesse período e, de maneira geral, a gestação se desenvolve de forma normal.
Os seres humanos têm dois cromossomos número 15, sendo um herdado da mãe e outro do pai. O gene da Síndrome de Angelman, chamado UBE3A, está localizado na banda q12 do cromossomo 15. Primariamente, o gene Angelman é expresso a partir do cromossomo 15 materno herdado. Existem alguns mecanismos genéticos que causam a Síndrome de Angelman, são eles:
1- Supressão de cromossomo (68% dos casos): deleção cromossômica grande que remove a região 15q12 e a área circundante do cromossomo materno, sendo assim essa remoção do gene UBE3A causa uma expressão deficiente do mesmo no cérebro, provocando a síndrome. 98% das exclusões de cromossomos ocorrem por um evento espontâneo e não são hereditárias, sendo o risco menor que 1%. Porém podem ocorrer deleções devido a anormalidade hereditária no cromossomo 15 materno ou, em apenas alguns raros casos relatados na literatura, podem ter Síndrome de Angelman devido a uma pequena deleção cromossômica hereditária incluindo o gene UBE3A, ou seja mutações nesse gene impedem sua expressão e função no cérebro. Dependendo do tipo de anormalidade o risco de recorrência materna é aumentado e estudo cromossômico da mãe, incluindo o FISH (Fluorescent In Situ Hybridization), exame capaz de detectar mutações em cromossomos, ajuda a descartar anomalias herdadas no cromossomo 15.
2- Dissomia Uniparental Paterna (3% dos casos): Neste caso, a Síndrome de Angelman é causada pela presença de dois cromossomos número 15 normais de origem paterna e não há a presença do cromossomo materno que expressa o gene angelman no cérebro, sendo assim ocorre a síndrome de Angelman. Mais de 99% desses casos ocorrem como um evento aparentemente espontâneo e não hereditário. Se um indivíduo tem a síndrome devido a essa dissomia e tem um cariótipo normal, uma análise cromossômica da mãe deve ser feita para excluir a rara possibilidade de que um cromossomo ou translocação robertsoniana fosse um fator predisponente.
3- Defeito no centro de impressão (6% dos casos): O centro de impressão é uma pequena parte do DNA localizado na região q12 que controla se o gene Angelman é ligado ou desligado, portanto anormalidades nesse centro de impressão no cromossomo 15 materno podem causar a síndrome. Existem dois tipos de anormalidades nesse centro, que são exclusões e não exclusões. Os eventos que não são de exclusão não parecem ser herdados e têm um risco de recorrência menor que 1%. A maioria das deleções não é hereditária, mas uma proporção significativa delas é herdada maternalmente, e estas conferem um risco de 50% de recorrência.
4- Mutações UBE3A (11% dos casos): A mutação UBE3A pode ocorrer espontaneamente ou ser herdada pela mãe e ter um risco de recorrência de 50%.
5 – Indivíduos sem mecanismo conhecido (não se sabe a recorrência): Pais de pessoas com a síndrome que apresentam exames genéticos normais, sendo o diagnóstico apenas clínico. Risco provável que provavelmente não excede 10%
6- Mosaicismo de células germinativas (muito raro): Pode ocorrer do exame genético da mãe estar normal, mas o defeito genético está presente nas células germinativas do ovário.
De qualquer forma, quando um mecanismo genético de Síndrome de Angelman é determinado como hereditário, os exames genéticos de membros da família podem geralmente identificar o mesmo defeito genético. Por isso a importância do aconselhamento genético.
Como é realizado o diagnóstico?
Um exame de sangue específico pode detectar até 80-85% dos indivíduos com Síndrome de Angelman, identificando se o gene UBE3A está funcionando corretamente. Para os outros casos um médico geneticista experiente que esteja familiarizado com a síndrome pode fornecer um diagnóstico clínico. sendo O eletroencefalograma parte do diagnóstico. Hoje são reconhecidos três padrões eletroencefalográficos, que, quando correlacionados com a clínica, contribuem para o diagnóstico.
Quais os sintomas?
- Atrasos no desenvolvimento global
- Crises Convulsivas
- Comportamento freqüente rindo, sorrindo e excitabilidade
- Déficit de processamento sensorial
- Algumas pessoas diagnosticadas também podem apresentar características do transtorno do espectro do autismo
- Déficits na mobilidade, fraqueza muscular
- Problemas no equilíbrio e na coordenação
- Comportamentos disruptivos e, em alguns casos, agressivos
- Problemas com o sono
- Transtornos gastrointestinais
- Boca grande com protrusão da língua
- Prognatismo (queixo saliente)
- Occipital achatado
- Pele,cabelo e olhos claros (mais nos casos de deleção)
- Problemas oftalmológicos (estrabismo, astigmatismo…)
- Hipersensibilidade ao calor
- Ataxia da marcha
- Tremores dos membros
- Movimentos de balanceio do corpo
- Movimentos repetitivos das mãos (“flapping”)
Nem todas as pessoas com Síndrome de Angelman tem todos os sintomas. O que mais importa é que essas pessoas recebam intervenção terapêutica com profissionais terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e psicólogos quanto mais cedo possível, assim os sintomas e dificuldades do desenvolvimento podem ser minimizados para que eles possam desenvolver todo seu potencial e se tornarem pessoas o mais independentes possível.
Boa parte das informações deste texto foram retiradas do site: www.angelman.org que contém muitas informações, estudos de caso e contribuições de médicos, terapeutas e familiares.