Série vínculo: paciente-terapeuta

Agora queremos falar um pouco nesse último momento sobre a relevância da relação estabelecida entre o paciente e o terapeuta. Nós seres humanos nos relacionamos com pessoas desde o nascimento, mas o grau e intensidade desses relacionamentos podem variar naturalmente. Podemos nos relacionar mais facilmente com um irmão do que com o outro, ter maior liberdade com o pai do que com a mãe, e está tudo certo com isso. O que sabemos é que precisamos nos relacionar, consolidar laços para nos sentirmos seguros na nossa caminhada.
Sempre que buscamos um auxílio profissional é muito comum dizermos: senti segurança com aquele profissional, ou não me senti segura com tal conduta. Baseado nessa relação de confiança/ segurança tomamos nossa decisão de continuar ou não sob os cuidados de tal profissional, não é mesmo?
Agora pensando em nosso público em questão, será que é importante transmitirmos a mesma segurança? Já falamos sobre a necessidade dessa relação com os pais e agora precisamos refletir sobre a relevância desse relacionamento com cada paciente. São muitas vezes crianças, bebês, como estabelecer esse vínculo, como fazer para que tal relacionamento aconteça?
Como respeitar um bebê e estabelecer com ele essa relação de confiança? Como fazer com que uma criança nos enxergue como quem o deseja o ajudar e não como aquele que está ali diariamente para impor demandas incessantes de atividades, por vezes difíceis demais para eles? Como conseguir que um adolescente ou adulto sinta segurança em compartilhar de forma leve seus anseios e objetivos?
Tudo isso envolve sem dúvidas aspectos emocionais inerentes à ambos, terapeuta e paciente. Por vezes nós fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos somos os terapeutas de contato diário desses pacientes, por vezes fazemos parte da primeira rede de apoio desse paciente, ainda com meses de vida, e desta forma precisamos conhecer formas de estabelecer essa relação, respeitando as individualidades de cada paciente e assim garantir a nossa efetiva atuação.
Mais uma vez voltamos à esfera do conhecimento, da sensibilidade e do respeito. Sem dúvidas a partir do respeito, do amor, e a partir do momento que “descemos” da nossa posição de soberania para estarmos juntos com cada um essa relação acontecerá, aliado ainda à medida que cada integrante estiver disposto a se doar para tal.
Como resultado teremos pacientes seguros, terapeutas que conseguirão executar seu trabalho de forma harmoniosa e prazerosa e uma família que sentirá os resultados do processo.
Vale a pena investir em cada família e em cada criança com amor, respeito, empatia e saber sempre. Vale a pena deitar no chão e brincar muitas vezes para que nos coloquemos à mesma altura desse paciente. Sempre valerá a pena a escuta e a busca de novas estratégias para que a jornada seja prazerosa e efetiva para todos.
É claro que esse é apenas um elo da imensa corrente denominada Processo Terapêutico, e que infinitas situações estão envolvidas o tempo todo. Mas o que quisemos trazer aqui foi a ideia da diferença que o vínculo entre paciente e terapeuta pode trazer em todo esse processo.
A forma como esse vínculo vai acontecer irá depender como já dissemos de diversos fatores, mas é necessário que estejamos atentos para sua necessidade.

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