“Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais, ou interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente (p. ex., indiferença aparente a dor/temperatura, reação contrária a sons ou texturas específicas, cheirar ou tocar objetos de forma excessiva, fascinação visual por luzes ou movimento).” (DSM -5)
O trecho acima é do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM – 5) que traz como critério diagnóstico para TEA déficits de modulação sensorial (hiper ou hiporreatividade). Quando se fala nisso a primeira coisa que vem à cabeça é a Integração Sensorial (Saiba mais clicando aqui), sendo a Intervenção de Integração Sensorial de Ayres (ISA) própria da Terapia Ocupacional.
Profissionais, familiares e pesquisadores na área do TEA já conhecem essas alterações sensoriais e sabem da importância de um profissional Terapeuta Ocupacional devidamente certificado e qualificado para tratar essas questões.
O que muitos não sabem é que a atuação da Terapia Ocupacional no autismo não se resume apenas a tratar as dificuldades de modulação sensorial, ela vai muito além disso.
A ASI é uma intervenção individualizada projetada para abordar questões sensoriais-motoras subjacentes específicas que podem afetar o desempenho das crianças durante rotinas e atividades diárias, incluindo a participação na sala de aula e em outros contextos da escola. A aplicação da ASI requer raciocínio clínico para garantir que as atividades sensório-motoras abordem as dificuldades específicas identificadas na avaliação e que essas dificuldades estejam ligadas ao funcionamento da criança na vida diária.
( SCHAAF et al., 2018, p.7)
Esse trecho é do artigo: “Uma revisão sistemática da intervenção de integração sensorial de Ayres em crianças com autismo” (traduzido do inglês) em que as autoras, basearam-se no Council for Exceptional Children (CEC) – Padrões para a Prática Baseada na Evidência na Educação Especial, para avaliar a efetividade da investigação feita de 2006 a 2017 na Integração Sensorial de Ayres (ISA) para crianças com autismo dos 4 aos 12 anos.
No texto as autoras citam que as intervenções devem estar pautadas no raciocínio clínico para que possa-se avaliar e intervir ajustando as dificuldades sensório-motoras ao funcionamento da criança na sua vida diária.
O que isso significa?
Que a atuação da Terapia Ocupacional vai muito mais além do que apenas olhar para as dificuldades das crianças em reagirem aos estímulos sensoriais. É claro que o terapeuta ocupacional vai tratar essas questões, mas o foco deve estar sempre em como essas questões afetam sua participação social.
Um outro artigo “Integração sensorial e padrões de práxis em crianças com autismo” (traduzido do inglês), as autoras dizem que uma avaliação completa em ISA deve considerar os fatores que afetam a participação social das crianças com TEA, dessa forma as estratégias de avaliação devem incluir testes de habilidades motoras e questionários sobre a história sensorial para identificar questões que estejam interferindo na participação. Assim como a avaliação, a intervenção deve estar sempre focada em aumentar o repertório de participação da criança em todas as atividades em que estejam envolvidas.
Sendo assim, o Terapeuta Ocupacional lançará mão de uma série de conhecimentos técnicos sobre o neurodesenvolvimento, não somente de Integração Sensorial, a fim de pautar sua atuação e utilizará uma série de recursos que concernem à sua prática profissional, olhando o paciente como um todo, interagindo com a equipe multidisciplinar e empoderando a família pautando sua atuação de forma a garantir o maior nível possível de independência e autonomia para as crianças, futuros adultos, com TEA.
Referências
Schoen SA, Lane SJ, Mailloux Z, May-Benson T, Parham LD, Smith Roley S, Schaaf RC. A systematic review of ayres sensory integration intervention for children with autism. Autism Res. 2019 Jan;12(1):6-19. doi: 10.1002/aur.2046. Epub 2018 Dec 12. PMID: 30548827; PMCID: PMC6590432.
Roley, Susanne & Mailloux, Zoe & Parham, Linda & Schaaf, Roseann & Lane, Christianne & Cermak, Sharon. (2015). Sensory Integration and Praxis Patterns in Children With Autism. The American journal of occupational therapy : official publication of the American Occupational Therapy Association. 69. 6901220010p1-6901220010p8. 10.5014/ajot.2015.012476.
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais [recurso eletrônico] : DSM-5 / [American Psychiatric Association ; tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento… et al.] ; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli …[et al.]. – 5. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre :Artmed, 2014.
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