A Análise do Comportamento Aplicada ao Transtorno do Espectro do Autismo

O Transtorno do Espectro do Autismo é um distúrbio do neurodesenvolvimento que apresenta déficits clinicamente significativos e persistentes na comunicação e nas interações sociais e padrões restritos e repetidos de comportamento, interesses e atividades. Existem várias diferenças individuais entre os indivíduos que apresentam o TEA, principalmente na intensidade com que cada componente do transtorno se manifesta. Existe a presença de anormalidades neurobiológicas em boa parte dos casos de TEA, mas isso não significa que “a causa” do autismo tenha sido encontrada, indica apenas que, pela frequência com que estes marcadores estão presentes, deva haver alguma relação entre alterações do Sistema Nervoso Central e os distúrbios comportamentais que caracterizam os TEA. No entanto, não há, até o presente momento, um marcador biológico único que possa ser considerado específico ou patogênico caracterizando o TEA.
Em função dos déficits e excessos comportamentais e da variabilidade de sintomas identificados nessa população, torna-se cada vez mais urgente a busca por tratamentos eficazes e que sejam voltados para cada indivíduo de forma específica. A Análise do Comportamento Aplicada – ABA, Applied Behavior Analysis, é considerada uma intervenção eficaz no tratamento do TEA, embasada em um corpo teórico e aplicado de pesquisas sobre os princípios de aprendizagem, a abordagem comportamental desenvolveu metodologias comprovadas que permitem o desenvolvimento de novas habilidades e a redução de excessos comportamentais, podendo produzir ganhos duradouros e significativos para indivíduos com autismo. Técnicas para potencializar a aprendizagem e o desenvolvimento de pessoas com desenvolvimento atípico, assim como a eficácia das intervenções comportamentais foi reconhecida a partir de estudos científicos publicados na década de noventa por Lovaas.

Outra característica da Applied Behavior Analysis é a manutenção de registros sistematizados da intervenção que viabilizam mensurar a eficácia das estratégias propostas e progressão do desempenho. O analista do comportamento toma como referência planejar o ensino de novos comportamentos de forma coerente, como: assegurar que o aprendizado seja mantido por consequências que reforçam o comportamento; disponibilizar ao indivíduo feedback imediato; comparar o indivíduo sempre com seu próprio progresso; entre outras. Resumindo é necessário conhecer e entender as dificuldades e potencialidades do indivíduo, para depois ensiná-lo.

Um dos modelos de ensino utilizados para o aprendizado de novos repertórios é o ensino por tentativas discretas, que consiste na apresentação de um estímulo antecedente pelo instrutor, na emissão da resposta do aprendiz e o provimento de uma consequência, o Ensino por Tentativas Discreta desenvolve-se através da quebra de habilidades maiores em pequenos componentes que possam ser ensinados gradativamente. Cada habilidade é ensinada por meio de um programa estruturado e dividido em passos, que aumentam gradualmente de complexidade de acordo com o desempenho da criança, dessa forma, esse treinamento pode facilitar o ensino de habilidades sociais, acadêmicas, de linguagem, entre outras. Outro modelo utilizado é o ensino naturalístico, que inclui diferentes nomes e propostas, o mais conhecido deles é chamado de ensino incidental, onde o terapeuta aproveita a motivação da criança no momento (brinquedos, atividades de lazer e outros) para ensinar novos repertórios de forma mais natural similar as situações encontradas no cotidiano.

A aprendizagem de crianças com TEA, se dá através de intervenções adequados com treinos previamente planejados para cada indivíduo. O que dirá se a intervenção será baseada em uma proposta composta de mais treinos com estratégias “formais” ou “naturais” de ensino, será a avaliação previa realizada pelo profissional analista do comportamento.

Importante salientar a importância do diálogo e entrosamento nas estratégias utilizados por diferentes profissionais da saúde que atendem a criança/adolescente, bem como com a família e profissionais da escola, ninguém consegue desenvolver um bom trabalho quando esse é realizado sozinho; e a criança/adolescente só terá um aprendizado significativo e desenvolvimento promissor se for vista como um todo: com suas dificuldades, potencialidades, particularidades, interesses e motivações.

Monique A. N. Sousa
Psicóloga – CRP: 14/05406-4


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