Por que adequar o mobiliário escolar?

Quando se fala em adequar o mobiliário escolar a percepção é em relação ao tamanho da cadeira e mesa para a criança, porém devemos pensar no fator principal primeiro: qual a funcionalidade desta criança? 

O mobiliário escolar adaptado deverá promover estabilidade, independência, autonomia e melhora da função favorecendo o aprendizado.

O objetivo principal será avaliar e pensar o que irá gerar mais independência, funcionalidade e  aumentar a participação da criança nas atividades da escola, levando em consideração como a criança se sente diante do mobiliário.

Para avaliação ser efetiva, é de extrema importância a participação da família, terapeutas e escola com o olhar na criança e suas potencialidades.

Após conhecer a criança, seu potencial, suas necessidades, objetivos traçados com a família e toda equipe, pode-se pensar qual tipo de adequação a criança necessita e é importante pensar que a adequação poderá ter mudanças ou alterações com a evolução da criança, inclusive troca do tipo do equipamento.

Pensando na criança, suas potencialidades, o que irá gerar maior autonomia e participação na escola, pode-se pensar no segundo ponto: qual equipamento a criança utilizará na escola? As adequações podem ser na própria cadeira da escola, numa cadeira específica de mobiliário adaptado escolar, utilização de cadeira de rodas adaptada sendo ativa ou passiva (quando a criança não toca a cadeira sozinha), bancos, bolas e outros, sempre levando em consideração a segurança desta criança, afinal estamos falando de um ambiente em que tem muitas crianças e também importante pensar sobre a altura do equipamento em relação aos outros alunos, pois isso irá favorecer ou não a interação entre as crianças. 

Após esta importante escolha, agora é o momento de ter o olhar para o que se chama de adequação do mobiliário escolar, nesta etapa, olhamos para o que a criança necessita para permanecer com maior estabilidade ou melhorar sua mobilidade no ambiente escolar, ou aumentar seu nível de alerta, ou diminuir seu nível de alerta, ou quem sabe, necessitará de mais de uma intervenção para mesma criança, este é um momento que os terapeutas desta criança irão direcionar de forma efetiva por conhecer a especificidade de cada criança e deter do conhecimento para atingir o objetivo traçado com a família e com a escola.

Neste momento é importante ressaltar que cada mobiliário escolar adaptado na maioria das vezes necessitará de acessórios como, por exemplo: apoio de cabeça, apoio de tronco, apoio no quadril, abdutores, assento com correção de obliquidade pélvica, cinto pélvico, cinto peitoral, mesa com recorte, mesa com plano inclinado, apoio para os pés (pode ocorrer a necessidade apenas em um pé), suporte para bola, mesa que consiga encaixar a cadeira de rodas do paciente (pensar em altura ou recorte na própria mesa), suporte para comunicadores alternativos, entre outros. 

Visto todos estes pontos, agora sim é aquela hora que todos pensam ser a primeira coisa a se fazer: medidas do paciente para a adequação do mobiliário escolar. Importante sempre lembrar que o equipamento é para ser utilizado naquele momento, portanto, é de grande importância que este equipamento seja nas medidas do paciente, não vamos pensar em pedir um pouco maior, pois isso poderá colocar em risco todo o planejamento realizado acima, caso tenha possibilidade, os ajustes de crescimento poderão ajudar e favorecer a utilização do equipamento por mais tempo, nestes casos a reavaliação do terapeuta se faz necessário para os ajustes.

Mas você pode ainda estar se perguntando, realmente é necessário fazer uma adequação do mobiliário escolar? 

Imagine você tentando estudar e se concentrar para aprender algo novo sentado em uma cadeira que não alcança os pés no chão e ainda não consegue encostar no encosto da cadeira? Conseguiria se manter por um tempo considerável a ponto de favorecer seu aprendizado? Acredito que seria no mínimo incômodo e que você iria se mexer diversas vezes na sua carteira escolar, assim dispersando seu foco atencional. 

Agora vamos imaginar uma criança que apresenta uma mobilidade reduzida, qual a chance maior de interação nas atividades escolares (dentro e fora de sala de aula): colocar esta criança em uma cadeira escolar adaptada com todos acessórios que ela necessita ou adaptar uma cadeira de rodas que ele possa utilizar na escola? 

E diante disto tudo ainda vale ressaltar um ponto muito importante: a criança permanece por um tempo considerável na escola, a permanência sentada de qualquer forma poderá causar danos a sua saúde, favorecendo desvios da coluna (escoliose, aumento da cifose, hiperlordose), luxação do quadril, protusão dos ombros, pressão inadequada em MMII podendo causar diminuição da vascularização, aumenta risco de quedas em alguns casos, entre outros, assim gerando um déficit também relacionado à parte clínica desta criança.

Não existe um certo ou errado, e sim, o que a criança necessita para que promova a sua evolução. 

Alguns modelos de adequações: